dezembro 22, 2011

Assim

Eu gostava de você e te queria pra mim
Mas você esteve com alguém mais interessante
Com alguém que te faz sorrir de forma mais natural
E eu não quis
Não quis que você a tivesse encontrado
Quis que você me quisesse e não a ela.
Mas por fim, ao cabo e ao final
A verdade é que ela faz o bem que eu queria fazer a você.
E hoje vendo o seu sorriso dirigido a ela
Fez-se o meu também
De imediato
Eu gosto de você e quero o melhor pra ti
E não mais o egoísmo de ser exclusivamente pra mim

dezembro 17, 2011

Li

Seu sorriso é maior que o nosso quarto, maior que nossa casa.
E sua voz doce e sua segurança igualmente dócil me preencheram tão bem nesses dias, nessas tardes e noites...
Menina, por algum acaso do destino eu acabei batendo na sua porta e pedindo abrigo
E por algum acaso lindo você me aceitou com sorrisos abertos.
Menina do sorriso bonito.
Da confiança meiga.
Menina, me abraça e lembra
Somos amigas.
E essa é uma das melhores conclusões tiradas do ano
Da vida.


Da menina maluca da cama ao lado,

dezembro 13, 2011

Não sei ser

Não sou a amiga paciente e que confia no tempo.
Não confio no tempo e acho que ele pode estragar tudo.
Não sou a amiga passiva que aceita migalhas de atenção.
Não quero atenção.
Quero presença.
Não sou a amiga que você vai se lembrar como uma simples boa amizade.
Eu sou a amiga que te arrancou os cabelos.
Que quis consumir a dentadas a sua presença.
Mas que só conseguiu o embaraço.
O tédio.
A velhice.
Eu sou a amiga que quer ser esquecida.
Porque não quero ser a simples boa amizade.
Mas ser quem lhe arracou os cabelos também não me agrada.
Não sou mais a amiga.
Quero ser nada.

dezembro 11, 2011

L.B.S.

Ei você, menino dos olhos finos desenhados com tinta grossa!
Você que me apresentou as sensações dos corpos juntos.
Você que namorou meus olhos e deixou que eu namorasse os seus.
Você, menino.
Menino que dança pra rir de si mesmo.
E me beijou como se beijasse a lua.
E me quis por perto como se eu fosse sol.
Você, menino imperfeito e inconsequente.
Que ligava de madrugada.
E tinha as respostas e caretas prontas.
Você que fez par comigo.
E abraçou e segurou minhas fluentes.
Ei, menino.
Sinto falta da sua voz.
Do seu sorriso confiante e de leve debochado.
Sinto falta da sua música áspera.
Quero o melhor do mundo pra ti.
E que se lembre de mim sempre que possível.
Como o par que formamos.
No cheiro que fomos.
E nas sensações instáveis que fizemos.
Com carinho, sua namorada de algum tempo atrás.


novembro 30, 2011

Vomitando

queira correr rios comigo
ao meu lado e dentro de mim
queira comer as minhas angústias como se fossem pedaços de doce
brincar com os meus olhos sem gosto
e dar os seus sorrisos enquanto o vento aparta os braços
queira correr feito água comigo
como se eu fosse pedaço de céu e você pedaço de mim

queira correr asfaltos comigo
como se as ruas se dilatassem no calor e a viagem fosse mais importante que o destino

que eu vou tentando ser pedaço de céu
sendo nuvem e não sendo
tentando apartar o calor que dilata a nossa insignificante dor

me queira
como se quer nuvem dentro da alma
queira a calma de devorar o doce da minha angústia
e sorria sua mais sincera existência
como se fosse pra vida
e como se eu fizesse parte dela


novembro 27, 2011

e os pés continuam agitados como se dançassem, como se corressem, como se ultrapassassem abismos, como se continuassem tendo medo de parar

novembro 21, 2011

Beirando

Fez cara de quem comeu e não gostou
Andou sozinha pelas ruas às 23h da noite
E mostrou o dedo do meio pra melhor amiga
Fez cara de quem não comeu mas adoraria
E andou sozinha pelas ruas beirando à meia noite
E mostrou o dedo do meio pra si mesma enquanto sorria da idiotice de ser quem era

novembro 18, 2011

Dia seguinte

Eu quero um ombro que se encaixe na minha cabeça
Quero dizer como foi o meu dia.
E dizer como a noite está sendo melhor por estar com a cabeça encaixada naquele ombro específico.
Quero dedos nos meus
E o pulsar silencioso dos corações preenchendo o vazio da sala
Quero estar na sala
Com metade do corpo no sofá e a outra metade no chão
Sabendo que amanhã já pode estar sendo hoje
E tendo, hoje, o alívio de continuar a viver amanhã.

novembro 06, 2011

foi peso morto
dispensável
não soube sorrir
e não quis perguntar pelas coisas
como vão as coisas?
não quis falar também
foi peso morto
foi e se sentiu desconfortável
não queria
e não sabia o que fazia
foi quem não é
foi
já foi
e não volta mais

novembro 04, 2011

O nome dela vai aqui.

Para muitas pessoas amanhã é o espacialíssimo dia de assistir Strokes. Para mim... talvez... também. Essa sensação em muito me lembra os meus 13 anos, na véspera de ir ao parque de diversões com os amigos da escola. E aquele leve frio na barriga de saber que aquele rapaz também iria... Essa sensação de véspera. De iminência. Mas hoje, felizmente, as coisas são outras! Verei Strokes! Uma palavra de língua inglesa que, entre outras coisas, significa Derrame Cerebral. Coisa que aprendi aos 16 numa aula à tarde de um querido professor de inglês. Essas que costumavam ser tardes coloridas, assim como os dias em geral. Nessa e em um montão de aulas como essa... Ela estava lá. E éramos leves. O peso todo parecia estar só nas provas e no vestibular. O peso todo era não ter peso. Naqueles dias entre os andares e as escadas e os corredores. E os risos e a monotonia. E depois entre as ruas e bares e avenidas. E eu que pensei em estar com ela amanhã cantando as músicas que tanto cantamos antes. E dançamos. E fomos. Mas hoje eu estou aqui nessa véspera fria. E a sensação é de esperar. Esperar perceber o meu amadurecimento. É gostar da minha companhia. É aproveitar todas as iminências de amanhã. Ser leve. E andar. E ver. E ouvir. E sentir o ar rarefeito. É cantar sem precisar dela cantando comigo. É chorar o quanto for possível. Não por aqueles caras que eu nem conheço estarem tocando as custas do meu dinheiro. E sim por ela. Pela amiga que eu perdi. Pela sensação de impotência. Pela falta que ela me faz. E pela falta que eu não faço a ela. Mas eu queria gritar a ela. Que eu a amo e a quero odiar. Eu quero que ela vá e seja feliz. Quero que ela me apague. Quero ser nada pra ela. Quero deixar de conhecer a fisionomia. Não lembrar da voz. Quero não saber que ela precisa se abaixar ligeiramente pra me abraçar. Quero que ela se esqueça que eu carrego um sorriso. Porque a louca e dramática sou eu. E não adianta... Eu queria voltar naquele dia em que fui buscar o ingresso na casa dela e gritar. E quebrar vasos. E chorar com medo de olhar nos olhos dela. Eu queria ter dito a ela o quão estúpidas somos. E ter entrego uma coleção com todos os "eu te amo" que eu disse a ela, com todas as vezes em que eu a procurei, e todas as vezes em que eu fui feliz por a ter conhecido. Eu não sei o quanto ela sabe que ela me importa. E que a minha adolescência foi cheia e cheia dela. Ela me detesta. E ficou cheia de mim.
E por agora
O que eu quero
Com todo o coração...
É só não ser porra nenhuma na vida dela. E só.



Vou dormir que amanhã é dia de cantar You only live once.

novembro 03, 2011

El

Sentia o aconchego do afeto
Como se o carinho dele na cabeça dela fosse chocolate quente.
Eles foram conversando como dois adultos em plena posse e consciência de seus sentimentos
E chocolate quente pra vida.

Eles são amigos que dizem eu te amo

outubro 31, 2011




Cortaram o pé de amora
Aqui em casa eu não consigo ficar descalça
Há vento entrando por todas as janelas
O chão é frio
Mas eu tomo o café com gosto de afeto que o meu pai faz
Há um vazio na sacada do meu quarto.
Não há mais amoreira
Mas meu beijo chega até o rosto da minha mãe
E vão-se as amoras...
Ficam as tinturas no chão
Nas bochechas
As texturas da ausência
O doce da presença
O peito dentro do coração, o coração dentro do peito.
E vem... Dança comigo porque cortaram o meu pé de amora pelo pescoço.

outubro 27, 2011

Leve

Um bom e bem dado soco no estômago.
Pesado.
Densidade pura na respiração.
Mas respiro, e isso já implica que vivo.
E viver já é leveza por si só.
Estou bem.

Um bom e bem dado soco no estômago
Me curvo pra frente enquanto o corpo é impulsionado pra trás
Sulco gástrico rejeitado do corpo
Cérebro forçado a sentir
Pele forçada a pensar

Um bom e bem dado soco no estômago.
Sorriso ensanguentado.
Estou bem, obrigada por se importar.

outubro 24, 2011

Sequência

O plano que é por si só e dança e rasteja pelo tempo e pelo espaço é o plano sequência que flutua percorrendo as lacunas dos lugares e os suspiros dos instantes agradando o meu olfato porque tem cheiro de chá gelado.



Viaduto do Chá (1947)

outubro 18, 2011

Não há nada mais terrível do que lembrar dos seus olhos jogados na minha cama
O sol se levantando lá fora
E eu sendo feliz no seu sorriso extasiado de sono.

outubro 15, 2011

Sim, eu ando surtada


Uma instabilidade monstruosa dentro do peito vai afrouxando os meus cadarços...

Se ao menos as vozes tivessem se levantado por canto... A noite passada foi pouco agradável.

Eu passo dias e dias longe de quem passa horas e horas pensando no meu bem querer.
E quem eu quero bem, nem me quer tanto assim.
Às vezes desejamos poder voltar atrás.
Nunca conseguimos.

Eu sou pouco, já disse.
Tenho nas mãos meras desculpas.
E o sorriso de sempre guardado logo atrás dos lábios.

De resto, eu não tenho nada.
Noite passada eu cravei, de uma vez por todas, uma amizade linda dentro da minha vida.
Acordei cedo, arrumei um punhado de coisas e fui embora dar de presente pra os meus pais
o meu velho sorriso de sempre.

E eu caminho
ainda com as desculpas nas mãos, prontas a serem entregues.

Sei que enquanto ganho o abraço fraco da minha mãe
Ganho a eternidade do ciclo pelos mesmo braços.

E eu agradeço por estar caindo
E andando surtada.
"Morro de medo desse negócio de ser normal."


outubro 13, 2011

Caracol

Eu quero dizer a ela
Quero que ela saiba que eu sou apaixonada pelo fato de a ter encontrado
Os longos cachos cor de castanha vindos de uma cidade do interior
Se encaracolando nas minhas mãos
E aconchegando os sorrisos no peito

Sendo
E me fazendo

Bem.

setembro 19, 2011

Ver

Quero o sol na minha nuca
O cabelo preso lá no alto
Os pés soltos num descompasso só meu

Dar uma volta, volta e meia

E o sol ainda na minha nuca
O cabelo solto, grudado no pescoço
A sua língua no meu céu procurando as estrelas perdidas e cheias de saliva.

Quero o sol abraçando o mundo.
Você abraçando a minha alma.

Quero estar sempre à mercê...
Viver de calma na pressa de viver.

setembro 03, 2011

Eu estava lá

Não sei ser metade.

Os meus braços se jogam no entrelace dos seus.
E se envolvem em mim
te afastando.

Sou inteira
ora em te querer
ora em te odiar.

Não sei ser metade, não.

agosto 27, 2011

maternos



para todos nós
uma dose pura de via láctea:


leite para dormir
e o universo para ser imortal.





agosto 14, 2011

Maldita mala que não se faz sozinha.
Malditas unhas por pintar.
Maldito telefone que não toca.
Maldito vazio que deixo e levo ao mesmo tempo...
Maldita vontade de não ser nada por esse instante.
Mal.
Digo, bem.
Bem-vinda, TPM, querida.

agosto 09, 2011

Se fosse um sonho,




Empolgada, eu descreveria a você
A beleza da dor da impotência de te ver assim, mãe.
Porque se fosse um sonho, ou se fosse um filme, seria arte.

Mas a dor da impotência de te ver assim
É real, mãe.

E não há nada de artístico nisso.
Não há nada de bonito.

Mas se fosse um filme
Você certamente estaria linda debaixo de um Ipê cor-de-rosa no meio do nada.
E eu
Seria só mais uma das minúsculas flores derrubadas.

Não sem lágrimas, mas com beleza nos olhos,
Seríamos um bonito sonho de um cineasta sem sono.

E enquanto isso eu finjo dormir
E você acordar.


julho 25, 2011

Acordei

Não, eu não quero mais você.
Resta pouco do seu timbre nos meus ouvidos.
Ainda bem.

E os meus passos, que antes se dirigiam pra você, dão meia volta e voltam pra mim
que dar voltas é mesmo a minha especialidade na dança
e visualmente eu fico mais bonita dançando em círculos.

Não, eu não quero mais você
mas estou redundante.
E de tanta negação, eu afirmo.
Não.

Mas eu queria um pouco mais de música pra essa dança
eu queria um pouco mais de você
pra depois não te querer mais
de novo e de novo
e continuar rodando
no bambolê que os seus braços formam quando envolvem a minha cintura.

Rodar e cair no último acorde
olhando seus olhos semicerrados jogados na minha cama a dizer
"Não me acorde.

Não me acorde."

julho 16, 2011

E a semana foi salva

E a semana de muito trabalho braçal de manhã, tédio durante as tardes, e pouco sono de noite
-além da solidão pessoal- foi salva graças a voz do meu pai, pelo telefone, dizendo:
"Lôzinha!"

E a minha vida inteira foi salva por esse homem e por essa mulher que aprendi a chamar de pai e mãe. ♥
Nessa simplicidade toda.

julho 10, 2011

Às 10h30

Antes era breu
O meu corpo e o seu.
Até que o sol foi entrando timidamente pelas frestas da janela.
Amanheceu.

julho 02, 2011

Unhas sujas

E se eu te arranhar pela nuca?

E te trouxer a carne pra junto da minha?
Se eu arregalar os seus olhos pras minhas frases rasas?
E comer os seus beijos como se fossem de açúcar?
E se eu...

Te quisesse pra mim?
E te trouxesse pra debaixo das minhas unhas?
Você viria?

junho 24, 2011

É que a distância já era imensa





Foi de propósito, sabemos. A vida passou cortando os nossos cabelos. Diminuindo o tamanho dos nossos receios. Abrindo os ouvidos a quase ensurdecê-los. Nos tornando amigas.


Mas a distância já era imensa. E o abismo que me você me apresentou, assim que eu te conheci, continua aqui. Eu já estive certa de que passaria o tempo que fosse necessário procurando a rachadura pra que eu conseguisse juntar as margens. Mas já não estou tão certa. Porque você continua ai, de pé e intacta. Nunca vai trazer a sua margem pra perto de mim. E eu nunca vou estar perto de você, de fato.







E eu sei que você não me lê mais.

junho 19, 2011

Amarelo

Há um girassol lindo dentro de uma sacola plástica aqui, perto dos meus pés.
E há uma histeria linda aqui, dentro da minha carcaça.


Mas logo menos hoje será terça-feira.
A histeria irá pra dentro da sacola
E o girassol virá enfeitar a carcaça que costumam chamar de corpo.


E o dia será bonito
E eu terei um sorriso amarelo me sentindo nuvem no seu céu azul.

junho 13, 2011

Café








A água ferve
Liquefaço o pó marrom
Ás narinas, me vem o cheiro de felicidade
E não importa em qual cidade
Meus pais também tomam café
E eu não estou só

junho 02, 2011

A

Há dança iminente nos meus pés pra ideia que invade a sua mente
Há sorriso nos meus dentes pro seu sorriso meia boca
Há voz, garganta
Língua e saliva.
Talvez também haja poesia.
E talvez sejamos a mais estúpida e bonita das cantigas.

maio 31, 2011

Itanananda



Pisei fora do vagão e as portas se fecharam
Eu pensei: ela não me ouviu

Entrei em outro vagão
E estive sentada enquanto ele corria

Foi-se uma mensagem
Voltou outra

Eu pura e cinematograficamente sorria
E a vida corria, corria

maio 27, 2011


Sentou-se no sofá
Ao lado do meu corpo
E dentro do meu pensamento.

E parece não querer mais levantar, não.






maio 19, 2011




Sou pouco. Mas tenho um sorriso grande. Dá pra eu te cobrir com ele sempre que você precisar. E sempre que você não precisar, mas quiser. Sempre que você não quiser também... O sorriso vai estar aqui, acoplado ao meu ser.


Sou quase nada. Mas dá pra eu te preencher tão bem com o meu pouco! Te garanto.

maio 15, 2011

Sopro

Não é caminho.
Não vai dar pra eu ir até aí te buscar e acalmar a minha ânsia.
Não vou.
É distância.

Então, aproveite.
E não gaste o seu ar e nem o meu tempo, por favor.

Só cale a boca.
Que eu não sei o que fazer com esse vento.

Esse vento que cruelmente insiste em parecer sopro seu
Enquanto você grita de boca cheia
Que não é meu.

maio 01, 2011

Ontem

A música eu conhecia.
O nome não...

Estávamos todos num porão no melhor estilo garagem.
Não sei se eles tocavam bem
Mas eu gostava

Fechei os olhos assim como fecho quando escuto música comigo mesma
Mas não, eu não estava sozinha
Então, eu os abri
E lá continuávamos todos nós com um mundo inteiro ao redor

Com a música que eu não sabia o nome
Nem a autoria
Da letra, só refrão no melhor dos meus 'embromeishons'
E de todos nós, só o primeiro nome

Sorri
Boba e bêbada do momento.

Sinceramente

Sou mais você dizendo baixinho e só pra mim:
Gostei do seu charme e do seu groove...
Pra eu pensar que sou a única
Enquanto o resto do mundo dá de ombros pra nós.

Assim, sem rima...
Sem refrão
Enquanto a noite vem nos trazendo não mais que a escuridão.

abril 21, 2011

A começar pelos olhos

Eis a verdade inventada que surgiu dos seus olhos quando dirigidos a mim
Eis a vontade, porcamente contida, de devorar esses seus mesmos olhos
Eis a voz, garganta abaixo, que quer lhe abrir os poros num grito que ainda nao veio
Eis o pensamento que não cessa
Eis o ar que não falta, mas que o coração, de tanta ânsia, mal consegue distribuí-lo ao corpo
Eis o corpo
Que aprisiona o pensamento saturado da vontade de tê-lo
Devorá-lo por inteiro.

março 26, 2011

(Ím)par

Os pés conversam entre si
Se convencem
E dizem pra mim
Via veias e artérias
Via sangue e euforia
Que não há nada melhor
Do que tentar não estar em harmonia.

Tentar o céu
Tentar o ar
Tentar não permanecer cravados no chão.
Os pés conversam entre si
E desconversam o mundo real
Eu crio a diegese para os pés
Enquanto os pés me dizem o quanto eu sou mortal

Os pés conversam entre si
E eu grito para me auto escutar
Pés! Eu sou feliz assim!
E os pés dançam sem vergonha de dançar.

março 20, 2011

Repetindo

Eu disse uma vez
E nada aconteceu.
Será a segunda vez que digo.
E se eu tiver vergonha na cara,
Possivelmente, será a última.

Mas menino,
Adoraria passar um dia
Um grande dia inteiro na sua companhia.

março 06, 2011

Foliando

Os meus e os pés dela
No chão da sala.
O meu e o sorriso dela
Lá no céu
De uma noite que vem chegando devagar
Enquanto o carnaval na TV vem rápido e frenético
Não, mãe! Eu não amo o carnaval.
Mas eu amo estar com você.
Nesse sábado a noite
Nesse lugar esquecido que é o seu coração.
Que é o meu coração.
Não sou flamengo e nem tenho uma nega chamada Tereza.
Mas sim, está tudo uma beleza.
E você, mãe, é que é linda por natureza!

março 04, 2011

Ela não aguenta

Recompondo-se de um porre
Ao compor um poema
Olhos meio que fecham
Meio que abrem
Enquanto a cabeça, zonza,
Cai pra fora da janela

Quem passa na rua leva um susto
Fezes de pompas
Confundidas.
Na verdade o que cai da janela
É puro vômito dela.

fevereiro 28, 2011

Gosto

São Carlos, me abra um sorriso.
Desses que vem depois da chuva.
Que estou numa agonia mórbida e entediada.
Os dias demoram a passar
Enquanto eu me delicio com a falta de gosto da chuva de agonia que cai em mim.
Sem gosto.

Me aterroriza o fato de não ter gosto!
E eu fico pensando sem firmeza nas coisas das quais queria dizer...
Sempre acho que devo ter o que dizer.
Parece sempre necessário dizer algo a quem me acompanha.
Acho que porque eu gosto de ouvir, de saber.
Mas, às vezes, o silêncio diz muito mais.
O indizível,

Que eu não sei não dizer.
Quero sempre e sempre ter o que dizer.
Saber como dizer.
Ficar na pessoa pra sempre.
E eu confundo mesmo as coisas.
Gosto de confundi-las,

Que isso pra mim deve ter gosto.
Como esse texto preso em teias de aranha, apesar de estar sendo escrito agora.
Esse texto desinteressante que desafoga as mágoas de quem o escreve.
Sem linearidade, porque o pensamento assim também é.
Esse texto que eu finjo ser poesia

Não é, mas eu gosto que ele pareça assim.
E pronto, já provei um gosto bom.
Esse gosto de quando termino de escrever
E abro um sorriso tímido e malditamente orgulhoso.
Como se fosse depois da chuva.

São Paulo, que conheço mal, mas me conhece bem, que sabe.
São Carlos, que ainda não tem nada a ver com isso...
Você logo terá.
(:

fevereiro 17, 2011

Eu escrevi

Eu escrevi palavra atrás de palavra.
Sentimento atrás de sentimento.

Escrevi e reli tanto
Que enjoei
Cansei
Pensei tanto e tanto...
Que fundi aquilo que pensava.

Reli mais algumas dezenas de vezes
E escrevi mais uma meia dúzia de pensamentos.

Pensei em dizer ao invés de escrever.
E escrevi que pensava nisso.

Escrevi para que lessem.
Li e não gostei de nada.

Ainda penso em quão triste são os escritos que não serão lidos.

Mas cansei.
Enjoei de mim mesma.
Dessa minha tentativa infantil de amenizar os pesares com as palavras.

As palavras não são os sentimentos.
Confundi tudo.

fevereiro 08, 2011

Dedos inquietos

Sai daqui a pouco tempo.
E eu, e mais um tanto esquisito de gente olha cada um pra sua tela do pc
Esperando e não esperando que o tempo passe rápido.
Quero meu nome lá.
É claro que quero.
Mas não morrerei se não estiver,
Eu prometo, vida.
Companheira minha.


Eu estou bem.
Já sei
Que a partir desse ano eu estarei apta a estudar o que quero
Mergulhar na excêntricidade da vida.
Companheira nossa.
E traduzir o melhor que puder a incostância que é viver.


Daqui a pouquíssimo tempo o resultado sai.
E então terei a certeza de onde meu destino vai se encaminhar
Mas eu sei que,
Mesmo assim,
A inconstâcia vai continuar e continuar e continuar e continuar a acontecer.


E meus dedos estão inquietos
Minha mente completamente inquieta
Que viver é mesmo a melhor das inconstâncias.
Tomei consciência.

fevereiro 07, 2011

Bocós

Acho que roubei as dores dela
E sinto como se eu causasse outras ainda mais doídas nela.
Eu amo ela faz tempo.
E ela é meio fechadinha num mundo só dela.
Mas ela sabe que eu a amo.
E que as dores minhas,
Só são minhas porque primeiro são as dores dela.

fevereiro 05, 2011

O causo

Enquanto estamos no carro
Meu pai, no volante, conta um causo divertido
Ri como se estivesse vivendo aquele acontecido de novo
Minha mãe, no banco ao lado,
Ri como esposa e mãe e filha
E eu, logo atrás,
Vejo os olhinhos do meu pai no retrovisor procurando meu riso também.
E eu rio disso
Mesmo que o causo que ele contou
Tenha tido mais graça.
Ou graça nenhuma.

janeiro 22, 2011

Pele adentro

Não sei quem sou para você.
Não sei se sou mesmo aquela que o espelho mostra.
Não sei se quando canto sou mesmo tudo aquilo que ouço.
Mas sei que sou tudo aquilo que penso e sinto cotidianamente.
Tudo isso que escrevo.
.
Mesmo que aparentemente eu não tenha nada a dizer.
É só me ler com mais calma,
Que eu sou exatamente essa aqui.
.
Essa
Que despe toda a sua pele em palavras.

janeiro 14, 2011

R.C.

É ele,
Que tem cantado pra mim nesses dias.

É ele que sempre canta pra mim.

Mas,
Será que um dia eu canto pra ele?
Será que um dia eu canto ele?
E será que um dia ele me dá mole?
É,
Eu acho que um dia ele se joga nos meus braços, sim.

Uns trinta anos mais velho, né Rivers...
Mas eu relevo o atraso!



"I just made love with your sweet memory

One thousand times in my head..." :X

janeiro 07, 2011

A ida.


A alma, eu sei que existe.
Só não sei se quando vamos embora...

Não sei se existe um lugar pra alma.

Não sei se ela mergulha, se ela voa.
Não sei e talvez fique sem saber mesmo quando meu corpo destranque minha alma.
E eu seja só alma.
Sem corpo.

Sei que meu tio deixou o corpo dele aqui.
Sei que a alma dele se destrancou
Ou foi destrancada.

Sei que nossos corpos devem mesmo continuar na terra.
Se desfazerem e se constituirem novamente,
Para dar consistência a outras almas.

Mas meu tio,
Não sei pra onde as almas vão depois desse eufemismo.
Mas é nessa hora que eu peço, rogo,
Que as almas saibam e tenham pra onde ir.

Meu tio,
Meus avós,
Galhos da minha árvore genealógica,
Galhos todos que não são minha árvore genealógica,
Galhos todos de todas as árvores genealógicas,
Estejam bem.
Nos façam bem, por favor.

Que não sabemos de nada.
Não sabemos o que fazemos por aqui.
Não sabemos nem mesmo que não sabemos o que fazer.

Meu tio,
Quero um caminho lindo para sua alma prosseguir.

E se puder,
Diga ao meu pai que está tudo bem.
Por que eu...
Eu não sei se consigo dizer isso a ele.
.
Meu tio.
E. A. V.