novembro 30, 2011

Vomitando

queira correr rios comigo
ao meu lado e dentro de mim
queira comer as minhas angústias como se fossem pedaços de doce
brincar com os meus olhos sem gosto
e dar os seus sorrisos enquanto o vento aparta os braços
queira correr feito água comigo
como se eu fosse pedaço de céu e você pedaço de mim

queira correr asfaltos comigo
como se as ruas se dilatassem no calor e a viagem fosse mais importante que o destino

que eu vou tentando ser pedaço de céu
sendo nuvem e não sendo
tentando apartar o calor que dilata a nossa insignificante dor

me queira
como se quer nuvem dentro da alma
queira a calma de devorar o doce da minha angústia
e sorria sua mais sincera existência
como se fosse pra vida
e como se eu fizesse parte dela


novembro 27, 2011

e os pés continuam agitados como se dançassem, como se corressem, como se ultrapassassem abismos, como se continuassem tendo medo de parar

novembro 21, 2011

Beirando

Fez cara de quem comeu e não gostou
Andou sozinha pelas ruas às 23h da noite
E mostrou o dedo do meio pra melhor amiga
Fez cara de quem não comeu mas adoraria
E andou sozinha pelas ruas beirando à meia noite
E mostrou o dedo do meio pra si mesma enquanto sorria da idiotice de ser quem era

novembro 18, 2011

Dia seguinte

Eu quero um ombro que se encaixe na minha cabeça
Quero dizer como foi o meu dia.
E dizer como a noite está sendo melhor por estar com a cabeça encaixada naquele ombro específico.
Quero dedos nos meus
E o pulsar silencioso dos corações preenchendo o vazio da sala
Quero estar na sala
Com metade do corpo no sofá e a outra metade no chão
Sabendo que amanhã já pode estar sendo hoje
E tendo, hoje, o alívio de continuar a viver amanhã.

novembro 06, 2011

foi peso morto
dispensável
não soube sorrir
e não quis perguntar pelas coisas
como vão as coisas?
não quis falar também
foi peso morto
foi e se sentiu desconfortável
não queria
e não sabia o que fazia
foi quem não é
foi
já foi
e não volta mais

novembro 04, 2011

O nome dela vai aqui.

Para muitas pessoas amanhã é o espacialíssimo dia de assistir Strokes. Para mim... talvez... também. Essa sensação em muito me lembra os meus 13 anos, na véspera de ir ao parque de diversões com os amigos da escola. E aquele leve frio na barriga de saber que aquele rapaz também iria... Essa sensação de véspera. De iminência. Mas hoje, felizmente, as coisas são outras! Verei Strokes! Uma palavra de língua inglesa que, entre outras coisas, significa Derrame Cerebral. Coisa que aprendi aos 16 numa aula à tarde de um querido professor de inglês. Essas que costumavam ser tardes coloridas, assim como os dias em geral. Nessa e em um montão de aulas como essa... Ela estava lá. E éramos leves. O peso todo parecia estar só nas provas e no vestibular. O peso todo era não ter peso. Naqueles dias entre os andares e as escadas e os corredores. E os risos e a monotonia. E depois entre as ruas e bares e avenidas. E eu que pensei em estar com ela amanhã cantando as músicas que tanto cantamos antes. E dançamos. E fomos. Mas hoje eu estou aqui nessa véspera fria. E a sensação é de esperar. Esperar perceber o meu amadurecimento. É gostar da minha companhia. É aproveitar todas as iminências de amanhã. Ser leve. E andar. E ver. E ouvir. E sentir o ar rarefeito. É cantar sem precisar dela cantando comigo. É chorar o quanto for possível. Não por aqueles caras que eu nem conheço estarem tocando as custas do meu dinheiro. E sim por ela. Pela amiga que eu perdi. Pela sensação de impotência. Pela falta que ela me faz. E pela falta que eu não faço a ela. Mas eu queria gritar a ela. Que eu a amo e a quero odiar. Eu quero que ela vá e seja feliz. Quero que ela me apague. Quero ser nada pra ela. Quero deixar de conhecer a fisionomia. Não lembrar da voz. Quero não saber que ela precisa se abaixar ligeiramente pra me abraçar. Quero que ela se esqueça que eu carrego um sorriso. Porque a louca e dramática sou eu. E não adianta... Eu queria voltar naquele dia em que fui buscar o ingresso na casa dela e gritar. E quebrar vasos. E chorar com medo de olhar nos olhos dela. Eu queria ter dito a ela o quão estúpidas somos. E ter entrego uma coleção com todos os "eu te amo" que eu disse a ela, com todas as vezes em que eu a procurei, e todas as vezes em que eu fui feliz por a ter conhecido. Eu não sei o quanto ela sabe que ela me importa. E que a minha adolescência foi cheia e cheia dela. Ela me detesta. E ficou cheia de mim.
E por agora
O que eu quero
Com todo o coração...
É só não ser porra nenhuma na vida dela. E só.



Vou dormir que amanhã é dia de cantar You only live once.

novembro 03, 2011

El

Sentia o aconchego do afeto
Como se o carinho dele na cabeça dela fosse chocolate quente.
Eles foram conversando como dois adultos em plena posse e consciência de seus sentimentos
E chocolate quente pra vida.

Eles são amigos que dizem eu te amo