Os pés num compasso descompromissado
Com as mãos nos bolsos de um casaco
Eu sinto o tecido na pele
Sem lembrar de senti-lo
E o vento que corta carinhosamente meu corpo
Arrepia meu cabelo mal cortado
Quando eu ando pelas ruas
Não lembro de sentir as coisas
Os pés encostam e pressionam o chão
Sem que eu dê algum valor a isso
E eles continuam tentando empurrar o mundo
Eu não sinto
Não me atento
Mas ao invés disso,
O chão é que me impulsiona pra frente
E eu continuo
Enquanto caminho pelas ruas
Enquanto digo felizmente algo
À alguém que me acompanha
Enquanto não lembro que existem substantivos abstratos
Por que enquanto eu caminho
É tudo concretamente real
Até mesmo a minha abstração é concreta.
E os pés não param
Por que eu ainda não quero parar.
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