março 26, 2011

(Ím)par

Os pés conversam entre si
Se convencem
E dizem pra mim
Via veias e artérias
Via sangue e euforia
Que não há nada melhor
Do que tentar não estar em harmonia.

Tentar o céu
Tentar o ar
Tentar não permanecer cravados no chão.
Os pés conversam entre si
E desconversam o mundo real
Eu crio a diegese para os pés
Enquanto os pés me dizem o quanto eu sou mortal

Os pés conversam entre si
E eu grito para me auto escutar
Pés! Eu sou feliz assim!
E os pés dançam sem vergonha de dançar.

março 20, 2011

Repetindo

Eu disse uma vez
E nada aconteceu.
Será a segunda vez que digo.
E se eu tiver vergonha na cara,
Possivelmente, será a última.

Mas menino,
Adoraria passar um dia
Um grande dia inteiro na sua companhia.

março 06, 2011

Foliando

Os meus e os pés dela
No chão da sala.
O meu e o sorriso dela
Lá no céu
De uma noite que vem chegando devagar
Enquanto o carnaval na TV vem rápido e frenético
Não, mãe! Eu não amo o carnaval.
Mas eu amo estar com você.
Nesse sábado a noite
Nesse lugar esquecido que é o seu coração.
Que é o meu coração.
Não sou flamengo e nem tenho uma nega chamada Tereza.
Mas sim, está tudo uma beleza.
E você, mãe, é que é linda por natureza!

março 04, 2011

Ela não aguenta

Recompondo-se de um porre
Ao compor um poema
Olhos meio que fecham
Meio que abrem
Enquanto a cabeça, zonza,
Cai pra fora da janela

Quem passa na rua leva um susto
Fezes de pompas
Confundidas.
Na verdade o que cai da janela
É puro vômito dela.