fevereiro 28, 2011

Gosto

São Carlos, me abra um sorriso.
Desses que vem depois da chuva.
Que estou numa agonia mórbida e entediada.
Os dias demoram a passar
Enquanto eu me delicio com a falta de gosto da chuva de agonia que cai em mim.
Sem gosto.

Me aterroriza o fato de não ter gosto!
E eu fico pensando sem firmeza nas coisas das quais queria dizer...
Sempre acho que devo ter o que dizer.
Parece sempre necessário dizer algo a quem me acompanha.
Acho que porque eu gosto de ouvir, de saber.
Mas, às vezes, o silêncio diz muito mais.
O indizível,

Que eu não sei não dizer.
Quero sempre e sempre ter o que dizer.
Saber como dizer.
Ficar na pessoa pra sempre.
E eu confundo mesmo as coisas.
Gosto de confundi-las,

Que isso pra mim deve ter gosto.
Como esse texto preso em teias de aranha, apesar de estar sendo escrito agora.
Esse texto desinteressante que desafoga as mágoas de quem o escreve.
Sem linearidade, porque o pensamento assim também é.
Esse texto que eu finjo ser poesia

Não é, mas eu gosto que ele pareça assim.
E pronto, já provei um gosto bom.
Esse gosto de quando termino de escrever
E abro um sorriso tímido e malditamente orgulhoso.
Como se fosse depois da chuva.

São Paulo, que conheço mal, mas me conhece bem, que sabe.
São Carlos, que ainda não tem nada a ver com isso...
Você logo terá.
(:

fevereiro 17, 2011

Eu escrevi

Eu escrevi palavra atrás de palavra.
Sentimento atrás de sentimento.

Escrevi e reli tanto
Que enjoei
Cansei
Pensei tanto e tanto...
Que fundi aquilo que pensava.

Reli mais algumas dezenas de vezes
E escrevi mais uma meia dúzia de pensamentos.

Pensei em dizer ao invés de escrever.
E escrevi que pensava nisso.

Escrevi para que lessem.
Li e não gostei de nada.

Ainda penso em quão triste são os escritos que não serão lidos.

Mas cansei.
Enjoei de mim mesma.
Dessa minha tentativa infantil de amenizar os pesares com as palavras.

As palavras não são os sentimentos.
Confundi tudo.

fevereiro 08, 2011

Dedos inquietos

Sai daqui a pouco tempo.
E eu, e mais um tanto esquisito de gente olha cada um pra sua tela do pc
Esperando e não esperando que o tempo passe rápido.
Quero meu nome lá.
É claro que quero.
Mas não morrerei se não estiver,
Eu prometo, vida.
Companheira minha.


Eu estou bem.
Já sei
Que a partir desse ano eu estarei apta a estudar o que quero
Mergulhar na excêntricidade da vida.
Companheira nossa.
E traduzir o melhor que puder a incostância que é viver.


Daqui a pouquíssimo tempo o resultado sai.
E então terei a certeza de onde meu destino vai se encaminhar
Mas eu sei que,
Mesmo assim,
A inconstâcia vai continuar e continuar e continuar e continuar a acontecer.


E meus dedos estão inquietos
Minha mente completamente inquieta
Que viver é mesmo a melhor das inconstâncias.
Tomei consciência.

fevereiro 07, 2011

Bocós

Acho que roubei as dores dela
E sinto como se eu causasse outras ainda mais doídas nela.
Eu amo ela faz tempo.
E ela é meio fechadinha num mundo só dela.
Mas ela sabe que eu a amo.
E que as dores minhas,
Só são minhas porque primeiro são as dores dela.

fevereiro 05, 2011

O causo

Enquanto estamos no carro
Meu pai, no volante, conta um causo divertido
Ri como se estivesse vivendo aquele acontecido de novo
Minha mãe, no banco ao lado,
Ri como esposa e mãe e filha
E eu, logo atrás,
Vejo os olhinhos do meu pai no retrovisor procurando meu riso também.
E eu rio disso
Mesmo que o causo que ele contou
Tenha tido mais graça.
Ou graça nenhuma.